livrocidade água preta
livrocidade é um projeto em desenvolvimento, derivado da pesquisa gráfica sobre cartazes de rua que iniciei no final dos anos 1990. nesse projeto, em que procuro mesclar a linguagem do livro com a do cartaz de rua através de edições impressas, o tema é a paisagem de são paulo, de ontem e hoje. e nesta edição abordo particularmente a paisagem do entorno do córrego água preta (vila anglo, vila pompeia, vila romana…) atualmente todo canalizado. ¶ o córrego voltou a ter uma presença marcante na região há alguns anos, não só devido às suas cheias transbordantes anuais, durante o verão. movimentos de moradores e de pessoas interessadas na preservação e cuidado com as nascentes (movimento ocupe e abrace), na indicação de seu trajeto pelas ruas do bairro (rios e ruas) e nas intervenções artísticas em becos e vielas (vielas coloridas) buscam trazer o córrego para a vida cotidiana novamente. ¶ esse meu trabalho procura somar-se a essas iniciativas, registrando uma leitura mais subjetiva e afetiva da cidade e de sua história, tentando estimular visões de futuro através da memória. ¶ nesta edição misturam-se fotos atuais que fiz da região e fotos antigas, pesquisadas no arquivo municipal e também junto a moradores. ¶ os cartazes são colados ao longo do trajeto do córrego, sugerindo um percurso pelo bairro, mas também serão distribuídos em escolas, bibliotecas públicas e ateliês interessados. ¶ por serem impressos na frente e no verso, o conjunto desses cartazes pode assumir também o formato de um livro, criando narrativas visuais diferentes, conforme interação do leitor. ¶ alguns dos cartazes colados nas ruas, depois de algumas semanas ou meses, são substituídos ou removidos, e com as sobras desses impressos, novos “livros” são criados, considerando-se aí as interferências que o tempo, o clima e as ruas promoveram sobre o papel. ¶ agradeço a todos que me levaram a esse trabalho, particularmente à tania murakami, que me convidou, anos atrás, a praticar tai chi pai lin na praça homero silva/praça da nascente; ao ramón bonzi, estudioso do córrego água preta, que me apresentou lindas imagens históricas e me esclareceu sobre seu percurso; ao leandro gatti, morador e historiador da vila anglo que contribuiu com imagens e entrevistas de seu livro; ao vinicius greter, arquiteto envolvido no restauro do prédio união fraterna e à diretoria da sociedade beneficente união fraterna pela cessão de imagens de seu acervo; ao sr. alcides luis batista e manoela augusta rodrigues batista, que cederam imagens antigas do bairro; à maria antonieta de fina lima e silva, por seu livro “raízes da pompéia” e ao josé luiz figueiredo, pela cessão de foto do água preta nos anos 70. na parte gráfica agradeço aos impressores edmundo cardena da center gráfica, ao cláudio e seu filho petrus da gráfica fidalga, ao eloi di tolla junior da gráfica di tolla que fez o refile e ao julio tomé e à maria de lourdes tomé que colaboraram na produção. ¶ agradeço, enfim, a todos os moradores que cultivam o afeto pelo lugar onde vivem, gerando movimentos de valorização da nossa paisagem e assim criando uma cidade mais humana.
produção dos cartazes em tipografia na gráfica fidalga
travessa roque adóglio
impressão dos cartazes em serigrafia na center gráfica
cartazes impressos e dispostos em sequencia formando um livro
colagem nas ruas
viela estevam garcia
praça da nascente (praça homero silva)
travessa roque adóglio
rua dr francisco figueiredo barreto
rua venancio aires com barão do bananal
travessa roque adóglio
com os fragmentos dos cartazes que envelhecem, novas narrativas são inventadas